quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Conversa com Jabor

Recebi ontem via e mail uma mensagem encaminhada como corrente que me motivou a escrever esse post. Era um comentário de uma repórter do Estadão sobre a censura desnecessária de um texto de Arnaldo Jabor datado de 2006. Seguem a íntegra do texto e minhas considerações sobre ele.


TSE retira comentário do Arnaldo Jabor do Site da CBN- Será que mesmo assim as pessoas votam nesta corja?

Leia o comentário de Dora Kramer, Estadão de Domingo:

A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do presidente Lula até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa. Não deixem de ler e reler o texto abaixo e passem adiante!

A VERDADE ESTÁ NA CARA, MAS NÃO SE IMPÕE.
Arnaldo Jabor

O que foi que nos aconteceu? No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, 'explicáveis' demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas. Será mesmo? O que terá acontecido? Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira!!!!!!! Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada!!!!!!!!


Concordo plenamente. Basta uma ida ao site do IBGE para se começar a entender quem está por trás desse processo de desfiguração da verdade

JABOR — Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos!!!!

Pois é, vamos aos fatos...
“uma quadrilha se enfiou no governo”
Acho que a expressão “se enfiar” ocupa um espaço semântico que entra em conflito direto com o da idéia de ter sido eleito democraticamente. Esse discurso busca, com isso, sugerir que a chegada ao poder não teria se dado de maneira legítima o que o caracterizaria, no mínimo, como falso. Nunca como fato.

Quem desviou dinheiro público para comprar votos, tomar o Estado e permanecer no poder não foi o PT mas o senhor Fernando Henrique Cardoso. Quem queimou dinheiro público para manter as aparências de suas políticas econômicas e ser reeleito não foi o PT mas o senhor Fernando Henrique Cardoso.

Mesmo tendo sido eleito para administrar o Patrimônio público da melhor maneira possível, quem foi intencionalmente negligente e, inclusive, com a ajuda da mídia, promoveu uma campanha de desmoralização da capacidade administrativa do Estado de modo a desviar os lucros advindos da operação das empresas públicas estratégicas para os bolsos de alguns poucos grupos privados em detrimento dos benefícios que poderiam trazer para a grande maioria da população brasileira não foi o PT, mas sim o senhor Fernando Henrique Cardoso. Que saudade da quadrilha que, ao invés de assumir responsabilidade pela administração do patrimônio público e trabalhar para torná-la mais eficiente, preferia vendê-lo a preços muito abaixo de seu valor de mercado de modo a maximizar a rentabilidade do negócio para seus futuros compradores. Seria como contratar alguém para administrar sua empresa e depois de alguns meses essa pessoa, formada na Sorbonne e muita capacitada, chega para você e diz: Olha não vai dar para fazer o que você está me pagando para fazer e que eu disse que faria, mas tem um jeito da gente resolver esse problema. Que tal você vender sua empresa baratinho para atrair mais compradores? Você daria um bônus à esse gerente genial ou o demitiria e o substituiria por alguém com um pouco mais de compromisso com sua empresa? Pois é...

Passemos então ao fato sobre ”Ficar no poder 20 anos...“ Aliás, os tucanos tem se perpetuado no poder em São Paulo e isso nunca é visto como um fator de risco à democracia. Como é que isso pode ser considerado fato ou mesmo real? Fato é que Lula governou por 8 anos e ao invés de orquestrar um mensalão para mudar a Constituição no sentido de permitir à ele um terceiro mandato, prefere agir dentro da constitucionalidade e colocar sua energia em eleger o seu sucessor por que tem consciência de que os resultados de seu governo lhe rendem dividendos políticos muito mais vultosos e legítimos do que o risco de um tapetão ao estilo tucano renderia. O que a mídia conservadora tucana não entende é que Lula não precisa do tapetão que eles precisaram para se manter no poder. O tapetão só se faz necessário quando não há resultados, ou quando não se pode mais mascarar os resultados negativos das políticas implementadas.

Sempre me pergunto por que é que a nossa mídia não constrói o mesmo tipo de discurso dispensado à Lula quando analisa a situação da Colômbia, ou mesmo do Estado de São Paulo. Na Colômbia, mesmo depois de tentar um golpe para viabilizar seu terceiro mandato que acabou sendo considerado ilegal pela Corte Suprema daquele país, Uribe conseguiu eleger o seu sucessor. Mas a vitória do sucessor de Uribe é uma vitória da Liberdade e não uma ameaça à democracia. Da mesma forma, a eleição de membros do tucanato ao cargo de governador de São Paulo, que acontece sistematicamente desde 1995 quando Mario Covas foi eleito, também nunca é vista como ameaça à democracia, mas sim como a vitória de uma escolha inteligente, pragmática e de extremo bom senso dos paulistas. Então por que haveria de se acusar o PT de autoritarismo e caracterizá-lo como uma ameaça à democracia caso consigam eleger sucessor atrás de sucessor por falta de uma oposição que realmente se proponha a se comprometer com ideais dos quais o PT eventualmente tenha se desvinculado? Isso não significaria o fim da democracia, é apenas um reflexo da inabilidade dos demais partidos políticos em encontrar ressonância popular para as propostas que apresentam ou da incopetência dos setores mais conservadores da sociedade brasileira em se adaptar ao novo cenário político insistindo em manter o caráter feudal que sempre caracterizou sua forma de perceber o Brasil e a maneira como este se insere no mundo. Alternância de poder só é um predicado fundamental da democracia quando seus defensores não se encontram no poder. Fernando Henrique Cardoso certamente não acreditava em alternância do poder quando desviou todo aquele dinheiro para comprar os votos necessários à sua reeleição.

JABOR — Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes, as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo !!!!! Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz!!!!! Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas. A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de 'povo', consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações 'falsas', sua condição de cúmplice e Comandante em 'vítima'!!!!! E a população ignorante engole tudo.. Como é possível isso?


Isso é o que gostariam de acreditar os meios de comunicação para o qual escreve o senhor Jabor. Corrupção não se manifesta somente nos crimes de desvio de dinheiro público escondido em cuecas, panetones e afins. A corrupção também se expressa na adoção de políticas públicas subservientes e dependentes que beneficiam uma parcela ínfima da população de um país negando à grande maioria de seu povo as condições mais básicas para o exercício da cidadania. A corrupção também se manifesta em políticas públicas que refletem uma total falta de sensibilidade quanto às prioridades de uma sociedade. Por que ninguém critica o “desvio” de tanto dinheiro público para a construção de estádios de futebol de última geração para a Copa do mundo? Precisamos muito mais de escolas e hospitais do que de arenas esportivas supermodernas e caras. Os governos deveriam propor que se construíssem esses novos estádios tendo em mente sua utilização posterior ao evento assim como Darci Ribeiro sugeriu que se fizesse com o projeto do Sambódromo: transformá-lo em salas de aula durante o resto do ano quando não fosse utilizado como a passarela do Samba. Isso seria uma forma criativa de amenizar esse gasto absurdo do governo muito bem visto pela mídia que veste a camisa verde amarela somente durante o seu delírio nacionalista bissexto: a Copa do Mundo.

A imagem de povo de Lula não é uma criação marketológica como o são o nacionalismo da Globo ou o novo nome do PFL de Botox — Democratas — que agoniza seus últimos suspiros de viabilidade política tentando enganar o povo com uma nova imagem que tem por objetivo distanciar o partido de seu passado como colaborador da ditadura. A imagem de povo do Lula foi consolidada por uma série de escolhas que surtiram efeitos, realmente, nunca antes vistos na história desse país. As nossas reservas internacionais representam hoje uma parcela maior do PIB do que nossa dívida externa bruta o que permitiu ao Brasil sair da condição paralisante de devedor e se tornar credor internacional. Nos áureos tempos de FHC, a dívida chegou a representar 41,8% do PIB quando o glorioso real atingiu sua maior desvalorização ao final de seu segundo mandato. Em 1997, depois de comprar os votos necessários para alterar a Constituição e permitir sua reeleição, FHC por razões meramente eleitoreiras e egoístas, implementou uma verdadeira liquidação de nossas reservas internacionais a fim de manter artificialmente a estabilidade da nova moeda.

Pois é, os tucanos paulistas, que se vangloriam de sua modernidade administrativa, fizeram, no final do século 20, o mesmo que fizeram seus antepassados com a política de valorização do café durante a República Velha lá no início do mesmo século. A única diferença é que durante os anos 20 queimava-se o café e em 97 queimou-se dólares. Demonstraram, contudo, o mesmo desrespeito ao patrimônio público que foi, e ao que parece, continuou sendo visto apenas como uma ferramenta de capitalização do patrimônio privado daqueles que herdaram o privilégio de gerenciar o patrimônio público. Comportando-se como piratas saqueadores não pensaram duas vezes diante da possibilidade de sacrificar o Tesouro em benefício próprio e de seus pares.

Mas moeda super desvalorizada não é problema por que todos os especialistas da grande mídia sempre afirmam que a desvalorização da moeda é, na verdade, uma coisa boa para a economia brasileira pois beneficiam o setor exportador historicamente consolidado como o motor da nossa economia. Então, se hoje você esperneia por causa dos 37% do PIB de carga tributária, que quando comparado com a carga tributária da grande maioria dos países desenvolvidos do mundo não representa uma percentagem tão absurda como tenta transparecer a grande mídia, pergunte-se por que você nunca se indignou com o fato de ter que pagar quase a metade da riqueza que o País produzia em serviços da dívida externa.

E é aí que entra o segundo grande legado de Lula. O fortalecimento do mercado interno e o impacto significativo que isso teve na redução da vulnerabilidade externa da nossa economia. Permitiu-nos usar mais da nossa riqueza em benefício próprio ao invés de encher o bolso dos especuladores financeiros internacionais de dinheiro fácil. Essa libertação permitiu um avanço ainda mais ousado e urgente de políticas como o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento que o senador Sérgio Guerra do PSDB disse, em entrevista à Veja, ser desnecessário.

JABOR — Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na Fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.

Coitados dos formadores de opinião! Quem está se fazendo de vítima do mundo agora é o nosso ilustre autor. É a maldição do espelho. Você só enxerga no outro aquilo que você é.

Esse argumento chega às margens do delírio... Um devaneio que parte da premissa, completamente falsa, de que os argumentos favoráveis ao governo encontram um espaço maior na mídia do que os contrários à ele. Como se o governo conseguisse atingir a população de maneira mais constante e regular do que a mídia que o ataca diariamente. Se o que vocês escrevem não se finca talvez as pessoas discordem de algumas dessas opiniões. Ou hipóteses, no caso de Ali Kamel. Mas admitir isso seria pedir demais aos donos da verdade.

Não foi um desses formadores de opinião que no exercício do legítimo direito de liberdade de expressão publicou matéria na Folha de São Paulo alertando Daniel Dantas sobre a operação da Polícia Federal que o investigava? Não foram os jornais que optaram por desviar a atenção do leitor para uma discussão inócua sobre a necessidade do uso de algemas ao invés de focar na abrangência do esquema de Dantas, que conseguiu dois habeas corpus em menos de 48 horas do ilustre Presidente do Supremo Gilmar Mendes? Onde está toda a indignação! Quem está protegendo quem? O que o nobre cineasta ainda não percebeu é que as pessoas estão reivindicando o direito de lembrar e esquecer que deixou de pertencer somente aos grandes conglomerados da comunicação. E isso eles não aceitam. Tanto que quando a Petrobrás decidiu colocar no ar o seu blog para abrir um canal direto de comunicação com o público eles trouxeram um antropólogo para declarar no jornal que aquilo era uma forma de terrorismo de Estado! A comunicação deles é liberdade mas a dos outros é terrorismo. Que vergonha! Quem é mesmo que não enxerga o outro e mente de maneira compulsiva?

JABOR — Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito...
Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?'
A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo. A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos!!!!!


Concordo plenamente! Chamar o período militar de dita branda, como o fez o Jornal Folha de São Paulo, e o governo Lula de ditadura, como o faz o nobre cineasta, apenas comprova como as idéias divulgadas pela mídia conservadora não correspondem aos fatos. E olha que o Lula nem tentou mudar a legislação para garantir um terceiro mandato. Quem fez isto — mudar legislação para se manter no poder — foi o Fernando Henrique Cardoso e ninguém chama ele de ditador tucano por isso. Não me causa espanto que Arnaldo Jabor utilize o verbo impor-se junto à palavra verdade. Os donos da verdade simplesmente não toleram a diversidade de opinião e reagem a toda e qualquer tentativa de pluralizar o discurso público desqualificando-as como atentado à liberdade de imprensa.

JABOR — Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.

Fatos? Quem se importa com os fatos na grande imprensa? Ali Kamel, editor de jornalismo da Globo, já declarou publicamente que a função dele como diretor de jornalismo é a de testar hipóteses. Diogo Mainardi foi condenado por injúria e difamação. Ontem mesmo li uma reportagem de como um jornalista de O Globo usou a resposta dada por Aluizio Mercadante a uma pergunta sobre o resultado das eleições para governador de 2006 como resposta à uma outra pergunta sobre o dossiê dos aloprados. O que aconteceu com o relato imparcial dos acontecimentos? O cineasta parece sugerir que fato é somente aquilo em que ele acredita, assim como versão é aquilo em que acreditam seus opositores. Independentemente dos fatos.

JABOR — No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política. Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da república. São verdades cristalinas, com sol a Pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de gafe. Lulo-Petistas clamam: Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT ? Como ousaram ser honestos? Sempre que a verdade eclode, reagem.

E quando a verdade não chega nem a eclodir o que acontece? Será que as pessoas ficam menos burras? Menos indignadas? Menos ignorantes? Será que a corrupção diminui? Será que já nos esquecemos do Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro que ficou carinhosamente conhecido como engavetador geral da República quando serviu junto a FHC? E o mensalão do Sérgio Motta que garantiu os votos no Congresso para a aprovação da emenda que mudava a Constituição tornando legal o dispositivo da reeleição? Imagine se Lula tentasse mudar a Constituição da mesma forma! Quantos não o acusariam de ditador! Quantos não defenderiam idéias golpistas assim como fizeram durante a crise de Honduras? Mas o FHC pode! E tudo é vendido de maneira muito civilizada num pacotinho DeLuxe como necessário e fundamental para o bem de todos e felicidade geral da nação. Digam ao povo que fico! Salve, salve o charme e o bom gosto pragmático dos tucanos como costuma “eulogizar” Arnaldo Jabor em seus devaneios e sofismos alexandrinos. A compra de votos, nesse contexto, teria sido menos indigna? Mais aceitável? Menos corrupta pois foi feita pelos digníssimos doutores que apoiam um sociólogo formado em Paris e não pelos aloprados que seguem um metalúrgico sindicalista de Garanhuns? Isso sim é de um levianismo e desonestidade intelectual ímpares que depõem contra a noção de ética de seus porta-vozes. Promover o esquecimento da herança tucana é uma leviandade tão grave quanto seria não expor os problemas do governo Lula. É nessa contradição que se afunda a retórica moralista da imprensa conservadora quando tentam imputar exclusivamente a membros do PT a culpa pela prática, totalmente repreensível, de compra de votos de parlamentares. Pergunte-se por que os dois pesos e as duas medidas e estaremos mais próximos de um país melhor. Pergunte-se qual a diferença entre a corrupção modernizadora tucana e a corrupção ideológica petista.

JABOR — Quando um juiz condena rápido, é chamado de exibicionista'. Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de 'finesse' do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando....

Mas agora é diferente.

As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte.


Pois é, durante a blitzkrieg pelo aumento dos juros, apesar dos índices registrarem queda da inflação, todos os grandes jornais noticiavam o perigo iminente de inflação a fim de justificar o aumento de juros como decisão acertada do Banco Central. A Globo chegou ao cúmulo de colocar no ar um especialista dizendo que, sim, havia o perigo de inflação por que o IPCA não tinha caído, ele tinha parado de subir! E o povo ignorante engole tudo. Mais uma vez, quem é mesmo que usa a língua para distorcer a realidade?

Essa acusação de Jabor parece descrever com mais fidelidade o comportamento da grande imprensa do que as posições do governo Lula. A entrevista de William Bonner e Fátima Bernardes com Dilma Rousseff no Jornal Nacional, por exemplo. Começam criticando a personalidade da candidata como se não tivessem nada mais importante sobre o que falar. Afirmam, então, que ela passa uma imagem dura, intolerante e que um chefe de Estado deveria estar preparado e ser capaz de fazer alianças, de negociar. Ela responde bem à provocação dizendo que para se obter resultados você, às vezes, tem que agir com mais firmeza. Então eles mudam o foco e questionam as alianças feitas pelo PT durante o governo. Ou seja, não importa o que você faça. Se você faz alianças é criticado como hipócrita e se não faz é criticado como autoritário. Isso não acrescentou nada ao eleitor. Não esclareceu nada sobre propostas da candidata. Bonner tentou apenas desqualificá-la e de maneira extremamente rude e deseducada que, usando as palavras da própria empresa, demonstra “um comportamento incompatível com a posição que ocupa” como editor do Jornal Nacional. Aqui no Brasil, se você quer realmente que a imprensa cumpra o seu papel social deve votar nos candidatos que ela não apoia.

JABOR — Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o Populismo e o simplismo.

Melhor exemplo de que você só acusa o outro daquilo que é capaz de perceber em si mesmo. E Jabor acusa seus antagonistas do erro que ele mesmo comete ao caracterizar o governo Lula como populista. Nada mais simplista e reducionista! O caráter pejorativo frequentemente associado ao uso da palavra populismo não somente expõe uma certa arrogância intelectual como é um paradoxo ideológico por si só. Se a democracia é o sistema onde a maioria decide os rumos que uma sociedade deve seguir, o governante teria que necessariamente acatar ou orientar suas escolhas tendo por base o desejo do povo expresso nas urnas. Processo semelhante de desqualificação aconteceu com a expressão Terceiro Mundo que ao longo do tempo adquiriu sentido pejorativo virando sinônimo de pobreza mas que na verdade surgiu como designação de uma iniciativa multilateral que ficou conhecida como o movimento dos países não alinhados que foi uma resposta à bipolarização que dominou as relações internacionais do pós guerra. Por que haveria de se condenar ou desqualificar alguém que supostamente estaria agindo em benefício do povo que o colocou no poder? Aqueles que, com frequência, usam esse tipo de palavra de ordem visam única e exclusivamente desqualificar governos populares e são, coincidentemente, avessos à políticas públicas democráticas de transferência de renda e defensores do receituário neo-liberal que já deu provas mais do que suficientes de que a idéia da auto-regulamentação dos mercados nada mais é do que um modelo teórico de caráter utópico e dogmático. A defesa de soluções neo liberais pós crise de 2008 é análoga em incoerência à defesa do comunismo histórico depois da queda do muro de Berlim. Na verdade nos últimos anos a imprensa tem se mostrado como um instrumento muito mais comprometido com seus próprios interesses do que com sua função de fomentar de maneira isenta o processo de formação de opinião da sociedade.

Dizer que nada mudou, isso sim é repetir preconceitos ideológicos perpretados por uma mídia conservadora incapaz de aceitar que o Brasil vai muito além dos limites da ponte aérea Oscar Freire–Garcia D’Ávila. Além do mais, o setor bancário, geralmente dissociado do universo semântico da palavra povo, nunca registrou tanto crescimento quanto durante o governo Lula.

JABOR — Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em 'a favor' do povo e 'contra', recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o 'sim' e o 'não', teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição Mundo x Brasil, nacional x internacional e um voluntarismo que legitima o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois. Alguns otimistas dizem: Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de Verdades!

Pois é ricos e pobres são conceitos relativos e ultrapassados que não tem nada a ver com política e com a nova ordem mundial que de circular não tem absolutamente nada. São rótulos apenas, nada mais, desvinculados de interesses, de praxis e de maneiras próprias de ver e se relacionar com o mundo. Isso sim seria uma manipulação linguística empobrecedora da ciência política. Nada mais longe da verdade da qual o nosso autor parece sentir tanta falta.

De fato, são as políticas de redistribuição de renda, ferozmente criticadas como assistencialismo e empreguismo, que são dotadas, elas sim, de enorme circularidade e inclusive se enquadrariam dentro de um conceito mais amplo muito na moda hoje em dia que é o da sustentabilidade. Essas políticas se opõem diametralmente às já conhecidas “vamos fazer o bolo crescer primeiro para depois dividir” popularizadas como “trickle down economics” nos anos 80 e início dos noventa durante o apogeu do Consenso de Washington quando proclamava-se o fim da história: outra falácia empobrecedora da ciência política. Mas como diz a sabedoria popular: só acaba quando termina. E estamos ainda muito longe do fim. Seria completamente insustentável permitir que uma economia como a nossa continuasse a manter metade da população brasileira vivendo com menos de um dólar por dia como acontecia há alguns anos.

Desde 2006, quando esse artigo foi escrito por Arnaldo Jabor, o PSDB vem se mostrando cada vez mais ineficiente em seus métodos de fazer oposição ao PT. Primeiro, por que simplesmente compactua com muitas das posições do governo Lula realmente passíveis de crítica como a complacência com o setor bancário, política de juros e aumento da participação de capital especulativo e financeiro na economia. E segundo, por que, imaturamente, se posiciona contra iniciativas que produzem resultados cujo impacto pode ser facilmente percebido pelo eleitor como o PAC e os programas sociais de redistribuição de renda. E aí está um dos maiores legados que Lula deixou para a história política do Brasil: a necessidade de um redirecionamento da oposição.

Até a eleição de Lula em 2002, o debate político se dava ainda embalado por uma versão pop da antiga Política dos Governadores da República Velha, onde representantes das diversas oligarquias regionais se revezavam no poder sem divergir significativamente sobre os rumos que o país deveria seguir. A continuidade era a tônica. O sucesso e a popularidade de Lula estão forçando uma renovação da política brasileira que não mais irá permitir que representantes desses interesses oligárquicos debatam entre si o futuro do país. Apesar de, ao longo de seu governo, Lula ter optado por se aproximar de alguns de seus históricos adversários como o clã Sarney, é possível dizer que a complexidade rica do nosso país, aparentemente tão valorizada pelo cineasta, finalmente debutou em sua dimensão política executiva de onde havia sido mantida como mera observadora desde o grito do Ipiranga. A oposição será obrigada a se renovar se quiser se manter politicamente viável. A presença de Marina Silva e Plínio Arruda nessa campanha são a maior prova desse processo; e o significativo esvaziamento do discurso de oposição do PSDB e do DEM, um sinal da perplexidade desses setores diante da necessidade iminente de se adaptarem aos novos tempos.

Os elevados índices de popularidade de Lula não se devem a uma população ignorante como gostam de dizer os bufões da mídia conservadora mas sim ao fato de pessoas comuns serem capazes de perceber de maneira muito empírica como suas vidas melhoraram e como escolhas tomadas pelo governo produziram efeitos positivos tangíveis no seu dia a dia. Não precisam de IPCA’s, PIB’s ou análises aprofundadas de qualquer indicador macroeconômico para isso. Basta ver no final do mês como o poder de compra do salário aumentou, como foram capazes de comprar um carro, adquirir casa própria, conseguir um emprego, estudar ou ter acesso a bens de consumo com os quais nem sequer ousavam sonhar. Não se pode nem argumentar que essas pessoas sejam vítimas de propaganda, como no caso dos Estados Unidos, visto que a grande mídia raramente concorda com as posições do governo. Se existe um efeito de propaganda, este, definitivamente, não se manifesta em opiniões favoráveis ao governo Lula. A divulgação, em 2010, de uma polêmica criada pela censura desnecessária de um texto fácil e factualmente contestável de um cineasta brasileiro durante a campanha de 2006 vem apenas corroborar essa tese. Partidos como PSDB e PFL(DEM), diante dos resultados do governo Lula, se encontram à beira do ostracismo pois insistem em representar forças políticas já em estado avançado de decomposição. O que explica o esforço do PFL em mudar de nome e passar a se chamar — ironias do destino — Democratas tentando tirar vantagem política da onda da Obamamania.

Psicopatia política é, na verdade, fazer malabarismos retóricos e contorcionismos intelectuais hiperbólicos com o simples propósito de negar os avanços tácitos conseguidos nesses últimos 8 anos. Depressão da razão é repetir inconscientemente o mantra de que nada mudou. Por isso encaminho o link do documento que o ministro Guido Mantega disponibilizou recentemente no site do Ministério da Fazenda sobre o desenvolvimento da economia brasileira nos últimos anos. Veja com os seus próprios olhos e tire suas conclusões. Ao se entender como e quanto mudou talvez possa se ter uma idéia do porquê algumas pessoas insistem em afirmar o contrário.

15 comentários:

Lopes Imóveis em Porto Alegre disse...

Muito boa a análise e parabéns pela paciência em responder a esse imbecil, que está explodindo de ódio e já perdeu todos os traços da racionalidade. Vou manter a página nos meus favoritos... se receber algum email ou comentário do tipo, mando prá cá...

Gustavo disse...

Fala Alexandre!

Imagino que vc esteja escrevendo este blog de algum outro planeta, porque a máscara do Lulinha já caiu não só no Brasil como em vários outros países há muito tempo. O eleitorado do Lula se resume a todas as pessoas beneficiadas (bolsa-família e cargos políticos) por esse governo populista e corrupto. Basta ler qualquer jornal ou revista para saber o quanto este governo é podre. O maior traidor que o país já conheceu, pelo que parece, vai eleger uma pessoa completamente nula, intolerante, antipática e sem nenhum plano de nada. Vamos continuar cegos e ignorantes governados por uma legião de analfabetos, tudo em nome do social. Você já assistiu a algum debate com o Lula ou a Dilma? Um vexame...
Um abraço e toma jeito, meu filho!

Gustavo

Ana O. disse...

Somente hoje fiquei sabendo do blog e, claro, corri para visitá-lo. Mas, estou perplexa! Ainda não entendi qual o objetivo! Trata-se de uma análise jornalística preferencialmente voltada para O Globo ou, o que me pareceu mais provável, uma defesa panfletária de Lula e do PT? Será? Seria? Mas, se então, onde fica o sempre brilhante escritor e o jornalista crítico? Não estaria ele cometendo os mesmos erros de que acusa Miriam Leitão e Jabor? E a isenção?
Nunca fui nem tucana e nem petista, duas faces da mesma moeda caso se defenda o rigor conceitual pretendido. Sim, fui eleitora de Lula, até o fim do primeiro mandato, quando já se tornava claro o embuste de que o botox de Marisa Letícia e as camisas de linho egípcio podem servir como fotos emblemáticas.
Apesar de discordar em parte do Jabor e concordar em parte com você, “enfiar-se no poder”, na minha opinião, nada tem a ver com governos eleitos ou não. Como assim, meu caro? Regredimos? Quer dizer que a democracia plebiscitária é a verdadeira democracia? O fato de o presidente ter sido eleito não lhe dá, ao Lula ou a qualquer outro, o direito de se apropriar e de conduzir a vários setores do Estado grupos que, na verdade, não foram “eleitos”. Eu não elegi sindicalistas na contramão da História para administrarem nada, notadamente quando levados por aqueles que pregavam o distanciamento entre o Estado e os sindicatos. Pelegos pós-modernos? Que horror! Com que então eleições a tudo justificam? Sim, como Hitler.
Gostaria de saber também onde vive a tal “classe média“ egressa da pobreza, cujo salário “chega ao final do mês” e pode comprar carro, casa, bens de consumo duráveis, viajar, etc. Certamente os professores, sobretudo os aposentados, estão fora dela. Talvez, em um inusitado movimento de gangorra social gerenciado pelo PAC, eles, bem como outros setores das ditas “classes médias urbanas”, tenham trocado de lugar com os ditos ex-pobres. Afinal, alguém tem que pagar a conta do salvacionismo lulista.
A que expansão do consumo se refere, meu caríssimo Alexandre? Àquela patrocinada pelo crédito consignado que – este sim, o golpe de genialidade do atual governo_ conseguiu o ineditismo histórico (minto, o nazismo também conseguiu) unir as duas extremidades da pirâmide, banqueiros e camadas populares? É a esta “bolha” que você se refere? Aguarde e verá seu resultado. Aliás, que parâmetros usa um governo que inclui, nas mesmas classes médias, quem ganha R$1 200 e R$10 0000? Pois é, porque o mês do professor (bem como dos médicos, profissionais liberais, funcionários públicos, etc., as tradicionais classes médias, releia) continua terminando antes do dia 15, apesar das muitas contas pendentes.
E, para terminar, apenas porque não consigo mais escrever e não por falta de argumentos, lembro um que poderia resumir todos os demais: e a Educação? Nunca antes na história deste país... Bem, quem nunca conheceu a realidade do Ensino Público, especialmente o noturno, para jovens trabalhadores, não tem idéia do que se trata. É como se dizia antigamente: socialistas que observam o povo pela janela...
Termino, por enquanto, desejando sucesso no blog, que pretendo visitar sempre que minhas condições físicas permitirem, e sugerindo a releitura de 1984.
Bjs da Ana Orcioli

Ana O. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo disse...

Ei cadê o comentário da Ana Lúcia?

“Se acreditamos que aqueles de quem discordamos não têm o direito de se expressar, simplesmente não acreditamos em liberdade de expressão.” Noam Chomsky

Um abraço

Gustavo

Ana O. disse...

Oi, Gustavo, muito prazer. É fundamental, por justiça, esclarecer que não foi o Alexandre quem apagou meu comentário,e sim eu mesma, por ter equivocadamente postado duas vezes. Tendo em vista a extensão do mesmo, achei melhor retirar uma das vias...Afinal, não estamos aqui para bater nele e sim para provocar, coisa que já fiz muito, há muitos anos, consciente de sua inteligência e espírito crítico. Somente assim podemos pretender a expansão do pensamento necessária à liberdade, único valor pelo qual realmente ainda vale à pena lutar, apesar da indigência intelectual que vivemos no Brasil de hoje.
Sim, a indigência da unanimidade, do eleitor como um acaso descartável ao sabor das pesquisas, do silêncio da oposição, do engessamento/cooptação dos intelectuais, da UNE e dos movimentos sociais, da invasão do Estado na vida privada, da redução do indivíduo ao inseto kafkaniano, das tentativas conducionistas e salvacionistas e, em síntese, no desmanche da Educação de qualidade.
Mas Alexandre, sempre brilhante, tem o direito de pensar como pensa e, a melhor forma de respeitá-lo, é discordar dele. Quem sabe assim criamos uma novidade "nestepais" atual: o confronto de idéias. Um forte abraço da
Ana

Gustavo disse...

Recomendo que meu amigo Alexandre leia o livro "O CHEFE" de Ivo Patarra. Recebi esta indicação de leitura, acompanhada de um texto que gostaria de compartilhar com você.

Abraço,
Gustavo

Eu salvei este livro (O CHEFE) para que um dia meu filho possa ler e entender melhor o curso da história no Brasil.
Até pq se tem uma coisa que é mais adulterada do que gasolina, agua e cachaça , aqui no  nosso país, é a história.
Lembro da minha adolescencia, como achava o Fidel o máximo, tinha quadro do Che Gevara na parade do meu quarto.....
Bom ainda hoje, tem muita gente, e não é adolescente, que acha que o inimigo do Brasil são os USA, falar o quê?
Este livro deve ser tratado como um documento, digo isto pq os fatos todos nós assistimos, não é achismo, do período mais vergonhoso deste país.
Dizem que brasileiro tem memória curta. Mentira! Nós temos é memória seletiva.
Guardamos o que nos é conveniente e esquecemos tb de acordo com nossa conveniencia.
Por isso o PT vai se perpetuar por muitos anos no poder.
Todos nós temos um petista na família. Li esta afirmação tempos atras, fiquei dias ruminando e finalmente concordo e repasso.
O Lula fez mais do que distribuir bolsas família, ele mostrou que todo mundo tem seu preço. Por isso esses escandalos não deram em nada, pois a sociedade não só é conivente, como se, se tivesse lá no poder, faria a mesma coisa.
Brasileiro não pensa em coletivo, nem a longo prazo, o que é melhor pra mim neste momento é melhor pra mim e ponto final.
Se meus filhos  terão um mundo melhor, vai depender de quanto eu puder me beneficiar agora.....
Quantos são os que nunca foram PT mas vão votar na Dilma por questões pessoais?
Conheço muitos.
Apontamos os nossos dedos para os flagelados do NE e dizemos:
" tá vendo é disto que este povo gosta, de moleza...."
Pois é, mas a realidade é mais crua e dura.
Os que neste momento estão entregando o país nas mãos destes corruptos não são somente os nordestinos, que não tem nada a perder, é uma classe muito mais esclarecida, que poderia sim fazer a diferença, que tem muito a perder a longo prazo, porém os interesses pessoais falam mais alto.
Roubaram mais do que nossos milhões, roubaram nossa dignidade e nosso senso ético.

Ana O. disse...

Continuando a tecer a nossa reflexão...

http://cavaleiroconde.blogspot.com/2010/09/vote-no-poste-mijado-pra-presidente.html

Alexandre Marques disse...

Amigos, só hoje tive tempo de voltar ao meu blog e para minha surpresa encontrar os seus comentários. Vamos por partes. Como já foi esclarecido pela própria Ana, o comentário foi removido por ela mesma, uma vez que só os li hoje dia 14 de Setembro. Sobre a questão do propósito do blog, que tem a ver com a afirmação do Gustavo que diz "Basta ler qualquer jornal ou revista para saber o quanto este governo é podre", minha intenção é criar um espaço para o questionamento de idéias e discursos que eu vejo circular pela imprensa com os quais discordo. Acho que não preciso de um propósito maior que esse afinal de contas acredito que vivemos num país livre. É uma tarefa massacrante devido ao volume de conteudo diariamente produzido pela velha mídia. O post que eu divulgava tratava de uma clara manipulação feita por Miriam Leitão sobre os números da pobreza. Eu mesmo, quando fui checar os números fiquei surpreso com o grau da manipulação. Simplesmente o que fiz foi expor que a tese que ela defendia não se mantinha com os dados que ela própria fornecia pois manipulou o uso das percentagens para deliberadamente ludibriar seus eleitores e levá-los a tirar conclusões equivocadas sobre a contribuição de cada governo. Desde quando isso é Lular, Serrar, Dilmar ou panfletar? É matemática pura com os dados fornecidos por ela e pelo IBGE. Mas o mais importante não se pergunta. Por que ela teria a necessidade de inventar a tal tese? Típico comportamento do jornalismo testa hipóteses defendido pelo Ali Kamel. O que não aparece na imprensa hoje em dia é mais importante do que aquilo que aparece. Ainda não entendo a acusação sobre o texto ser panfletário. Seria ótimo se as pessoas tivessem o mesmo grau de exigência para com a verdade factual do que com aquilo que lhes é dito muitas vezes de forma leviana e distorcida pelas mencionadas revistas e jornais. Quando a Petrobrás decidiu colocar o seu blog no ar O Globo saiu com uma nota de um antropólogo que acusava a iniciativa de terrorismo de Estado. Por que é que uma empresa não teria o direito de estabelecer um canal de comunicação com seu público? Que parte dessa decisão se configura como terrorismo? Vocês sabiam que existem três artigos da Constituição de 1988 sobre Comunicações que precisam ser regulamentados e nunca foram graças ao lobby da Globo? Mas isso, apesar de ser de extrema importância para todos os brasileiros está completamente fora do radar da população e é prova cabal de que as empresas de mídia que hoje dominam um dos mercados de comunicação mais consolidados do mundo não priorizam os interesses dos brasileiros e não desempenham isentamente suas funções sociais inerentes à sua condição de recebedoras de concessões públicas. Mas como na cabeça do brasileiro essa realidade já se consolida como forma de direito adquirido, mesmo que não seja, toda vez que alguém propõe regulamentar ou garantir a diversificação ao acesso à comunicação é acusado de tirano e totalitarista por esses que são os maiores interessados em manter as coisas como estão e querem que todos os brasileiros acreditem que isso é que é a liberdade e que eles são os seus maiores defensores. Parecido com o discurso americano não é não? Pois é, não é coincidência. As pessoas que "ceguem" os panfletos da Abril sofrem hoje de uma síndrome do negro da casa grande. São escravos mas se acreditam livres por servirem aos seus senhores na casa bonita e limpinha. Eu realmente não entendo como as pessoas ainda compram a revista Veja.

Alexandre Marques disse...

Ana, sobre o texto do CavaleiroConde, só pode ser provocação não é? Discordo completamente do que diz o texto dele e com qualquer coisa escrita pelo Reinaldo Azevedo da Veja. E olha que até já concordei com o Jabor e com o Demétrio Magnolli em alguns raros momentos. O Reinaldo Azevedo, chamado por seus fans de Tio Rei, é capaz de comparecer a uma conferência sobre liberdade de expressão mediada pelo William Wack e patrocinada pelo Instituto Millenium e defender a idéia de que existem candidatos demais! Ou seja, acatar o que esse louco defende seria eliminar o direito de livre associação, princípio fundamental da Constituição de 1988 e direito pelo qual tanta gente lutou e morreu no nosso país. E é a Dilma que é a autoritária terrorista. Usar o termo guerrilheira é simplesmente podridão. Mais podre que isso só a folha ir atrás de um ex-torturador para tentar descobrir alguma coisa sórdida sobre a candidata. Como já disse no meu post do Jabor discordo com a tese que o Conde define como culto à inferioridade intelectual que diz que o nível de aceitação do Lula tenha qualquer coisa a ver com a idéia de que as pessoas não dão valor à Educação. Isso é puramente uma manifestação esdrúxula de um enorme preconceito classista de quem seu maior porta voz é o Reinaldo Azevedo. E tem mais, a Educação não é importante como um fim em si mesma e não deve ser uma desculpa para se propagar a doutrina do pensamento globalizado único como gostam de defender os academicistas em suas elocubrações sem fim. E o FHC foi a melhor expressão desse paradoxo. Sociólogo formado na Sorbonne, ícone da civilização ocidental, até hoje laureado como um dos mais ilustres sociólogos que o Brasil já teve, não foi capaz de usar todo seu conhecimento e colocá-lo em prática. O que é o conhecimento sem a prática? Ego puro, propaganda ou poeira... FHC se vendeu bonito. Se ajoelhou diante do império. Depredou o patrimônio público não só na forma das privatizações mas queimando divisas para, por motivos extremamente egoistas - ser reeleito - manter o sucesso do seu plano econômico que já dava sinais de fraqueza. Mas é sempre convidado ilustre nas páginas dos grandes jornais e revistas. Tá dando para ver um padrão aqui sobre o que deve se esperar encontrar nos jornais e revistas? De onde vem essa importância? Certamente não vem de seus feitos. Isso é a propaganda. Tente ao menos entender o porquê do seu ódio Gustavo. É meio caminho para recuperar a sanidade. FHC fez tão mal ao Brasil que seus próprios pares sacaram que sua imagem não rendia à Serra benefícios e tentam escondê-lo o máximo possível. A grande maioria do povo não entende análise macroeconômica seja quem for o governante. Mas entendem perfeitamente bem que a vida deles melhorou e não há propaganda que possa desmentir isso. Não é posicionamento ideológico é empirismo puro e foi porisso que Serra perdeu em 2002 e é porisso que irá perder em 2010. Sempre do lado errado: representava a continuidade quando o povo queria a mudança e agora representa a mudança quando as pessoas querem a continuidade. Isso pode ser comprovado em qualquer número que você analise na fonte dissociado dos comentários das tão isentas revistas e jornais. E isso me leva a um outro comentário do CavaleiroConde menosprezando a democracia, o voto universal e ridicularizando esse sentimento empírico que faz a "manada" recusar ser governada pela inteligência: "Bestializado, esse povo ainda acredita nas ilusões materiais de uma prosperidade econômica insignificante". Concordo com ele só até onde ele dá a entender que ainda há muito o que melhorar. Porém alguma coisa me diz que essa não é a idéia principal do seu comentário.

Alexandre Marques disse...

Acho que temos que colocar os fatos em perspectiva por que o que aos olhos desse senhor Conde pode parecer insignificante talvez não seja tão insignifcante para alguem vivendo abaixo do nivel da pobreza. O que me faz lembrar de uma matéria da Globo quando o Lula aumentou o salário mínimo em 50 reais e a Globo saiu às ruas tentando mostrar o quão insignificante e populista aquilo era. Só deu com os burros na agua por que as pessoas diziam que com esse aumento conseguiriam levar mais comida para seus filhos. Mas para isso o Conde tem a resposta na ponta da língua:"Para um eleitorado que mais lembra uma manada, como esperar algum tipo de consciência, quando as liberdades civis e políticas estão ameaçadas? O importante é comer, beber e dormir, numa farra de pão e circo, ainda que para isto a liberdade seja destruída. Liberdade de quem cara pálida? Então não existe valor em tirar pessoas da escravidão da fome e da miséria? Não seria essa condição que contribui significativamente para sua bestialização que ele aparentemente causa preocupação ao Cavaleiro? Que liberdades civis estão sendo ameaçadas ao se distribuir a renda de maneira minimamente menos desigual? Então tem-se que escolher entre ser livre e tirar mais da metade do povo da condição de miséria? O que é mais repugnante sobre a opinião de pessoas como esse Conde é que o Brasil ainda se encontra muito mal posicionado quanto ao coeficiente de Gini, que mede a distribuição de renda. No entanto, essas pessoas gritam e esperneiam diante de qualquer medida que vise melhorar essa condição. É muita pobreza de espírito. Não há dúvida que ainda há muito o que fazer. E é um pouco de desonestidade esperar que em apenas oito anos se revertessem todas as consequências estruturais de décadas de projetos liberalizantes para o país. Só para colocar as coisas em perspectiva em 1994, nem tanto tempo assim, quase um em cada dois brasileiros vivia abaixo do nivel de pobreza. Porisso eu voto pela continuidade desse projeto de país, pois, por mais que se possa dizer que esse governo poderia ter feito mais, acho mais seguro manter o direcionamento atual mesmo que a uma velocidade mais lenta do que correr o risco de um louco pegar a direção e levar o Brasil de volta ao buraco do qual saiu. Um pouco ainda é melhor do que nada além de ser a rotina do muito. Outro parágrafo absurdo do texto do Conde: “Isso explica, embora não totalmente, o fato da candidata a Presidente da República Dilma Rousseff ser a indicada para ganhar as eleições. O povo brasileiro, em massa, através de uma propaganda de desinformação, estará votando num poste para presidente." Estará votando? Sabem qual é a origem desses gerundismos na nossa língua não é? Infelizmente para Conde, os Estados Unidos não é aqui. Se o povo fosse um animal doméstico ou um bicho amestrado como Conde deixa transparecer em seu texto, aí sim ele votaria no seu candidato. Se existe alguma forma de propaganda ostensiva acontecendo na sociedade brasileira essa propaganda é contrária à Lula e Dilma. O que pode ser facilmente inferido pela afirmação do Gustavo citada acima. Esse argumento é simplesmente inaceitável e completamente fora da realidade do país no que diz respeito ao uso dos meios de comunicação. E fico a perguntar: Quantas provas de manipulação de notícias ainda serão necessárias para as pessoas se convencerem da baixa credibilidade e qualidade desses jornais e revistas? Por que expressar uma opinião contrária ao pensamento monolitico é rapidamente desqualificado como panfletagem? Isso sim é Orwelliano. Mas graças a Deus é 2010!

Alexandre Marques disse...

Ana este estudo do Ipea baseado em dados do IBGE- PNAD

http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/comunicado_presidencia/08_11_11_DistribuicaoFuncional.pdf

apresenta, na página 3, um gráfico sobre a evolução do rendimento médio mensal real que mostra que entre 1990 e 2007 houve aumento na faixa dos 10% mais pobres (de 76 para 110) e na dos 20% mais pobres (de 225 para 262). Por outro lado houve redução do rendimento dos 10% mais ricos que cairam de 4.579 para 4.130 e dos 1% mais ricos que cairam de 13.510 para 11.799. Baseado nesses dados não se pode concluir que houve a tal gangorra social em que uma parte da classe média estaria pagando sozinha pelo ingresso da chamada nova classe média. Quem está pagando pelo dito salvacionismo do Lula são os 10% considerados mais ricos da nossa sociedade que, pasmem, incluem as pessoas com rendimentos na ordem dos 4.500 reais. Agora reverter esse quadro de concentração de renda é necessário e eu não chamaria isso de salvacionismo pois dá a ele um tom pejorativo. Ainda é pouco? Não há dúvidas. Mas acho que a crítica não deve ser feita nesses termos. Existe sim um discurso de crítica ao Lula que deve ser feito mas não nos termos usados pela direitona reacionária que se mostra cada vez mais incapaz de, diante dos parcos avanços implementados por Lula, fazer-lhe qualquer tipo de oposição construtiva. Por isso apelam para os ataques pessoais e difamação deixando claro que o interesse deles é não só manter tudo aquilo que pode e deve ser criticado em Lula mas também reverter alguns dos avanços conseguidos se possível. Mas é aí que se encontra o legado político de Lula. Inviabilizar essa oposição demo tucana resquício da ditadura que se recusa a se ajustar ao processo político democrático por que sempre se valeu de uma mídia subserviente que servia de interlocutora entre o poder e os mortais permitindo que aqueles se perpetuassem em seus cargos sem que fizessem absolutamente nada por merecer tal privilégio. O estudo fala tambem que desde 2004 há uma convergência entre a diminuição da desigualdade de renda e o aumento na participação da renda do trabalho na renda nacional

Alexandre Marques disse...

Comparar um adversário político eleito democraticamente com Hitler é estratégia típica dos discursos elitistas que muito comumente tambem se valem da palavra populista para desqualificar seus antagonistas. Glenn Beck, comentarista da Fox americana, faz os maiores contorcionismos para associar tudo o que Barack Obama faz à Hitler ou ao Nazismo. Coisas do tipo Hillary começa com Hi, Hitler começa com Hi, então Hillary é nazista. Porém, Glenn Beck sempre defendeu George Bush apesar das circunstâncias que levaram à total destruição da democracia americana serem muito mais semelhantes às condições que levaram Hitler a se tornar o Furher. Até na comparação dos desdobramentos do incêndio do Parlamento alemão e do ataque às torres gêmeas que promoveu um retrocesso enorme e a volta do realismo nas relações internacionais disfarçado sob o paradigma da Guerra ao Terror. Da mesma forma Hitler declarou guerra aos comunistas que foram acusados pelo incêndio e posteriormente aos judeus. Agora é a vez dos muçulmanos. Os americanos então se sentiram justificados em suas ambições no oriente médio, os russos na georgia e os chineses no Tibet...Todos defendendo a liberdade e combatendo o terror. Nada mais legítimo...da mesma forma que o BOPE faz em nossas favelas ou que Israel faz na Palestina. Hoje em dia basta que se chame alguém de terrorista que já se justifica todo tipo de violência. Bem vindos ao mundo maravilhoso da presunção da culpa que fere os princípios mais básicos do devido processo legal onde as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. Hoje mesmo o Jornal Nacional divulgou que a OAB pediu a exoneração de Erenice baseado nas acusações da Veja que nem sequer foram comprovadas. Isso é Orwell Kafka na sua essência. Infelizmente a democracia é a ditadura da maioria e eu discordo com quem diz que o que fundamenta a democracia é a alternância de poder. O que fundamenta a democracia é a vontade da maioria e cabe às lideranças se manterem sensíveis aos anseios da população. De uma certa maneira todo democrata deve ser populista por isso não concordo quando usam essa palavra para criticar iniciativas que visam a melhoria da condição das parcelas menos favorecidas da população. Mas entendo o uso por que a grande maioria daqueles que fazem esse uso dessa palavra não vêem essas pesoas como seres humanos e sim como bichos. Como pode-se notar pelas escolhes semânticas do CavaleiroConde.

Ana O. disse...

Nossa! Pena que minha cada vez mais acentuada deficiência visual me impeça a assiduidade pretendida ao conhecer seu blog. Pena maior ainda, somada à humildade e implosão de quaisquer resquícios de vaidade, seja imposta a quem não mais pode se utilizar dos meios "normais" de provimento de dados e cultura nesta absolutamente visual civilização em que vivemos. Mas, sabe? Ao perceber, pelo menos em parte, o torrencial que jorra de você, nem sei se gostaria de voltar a dispor de todos os recursos "físicos" dos quais tenho sido privada nos últimos 15 anos...Meu Deus, de onde vem isso??? Espero que não seja do embate político pois, se for, é apavorante! Espero que, apesar de preocupante, venha de outra porta mal fechada que, sem saída evidente, canalize para este discurso a potencialidade que ainda busca seu curso natural, como um rio represado equivocadamente,ou um grito enforcado no marco zero, ou como um imenso espaço a ser preenchido sem que se saiba com quê.
Apenas gostaria de esclarecer, para quem já me conheceu no passado, que foi evidente o objetivo da provocação. Não a provocação infantil, uma vez que não consigo supor que me veja como membro da "direitona" (termo ridículo atualmente) ou seguidora do cara citado (cujo nome sequer me lembro). Apenas esclareço que, como historiadora, apesar de aposentada por invalidez, não rasguei meus diplomas, o que explica avaliar e analisar todas as fontes. Fonte única é para jornalista, que interage com sua contemporaneidade.
Precisaria de alguns dias para ler (digo enxergar) com clareza tudo o que você escreveu. Mas, sabe? Quanto menos se enxerga mais se intui...
Não estou bem certa se você está me comparando a quem veja os pobres como bichos, rsrsrsr. Se for, tenho todos os depoimentos de meus alunos trabalhadores da escola pública noturna para me defender, se quiser, rsrsrs. Depoimentos de pessoas reais, não de blogs. E você vai se surpreender. Eles sempre odiaram o Lula. Só passaram a gostar quando o crédito expandiu. Você não sabia que as classes populares são extremamente conservadoras desde que tenham dinheiro no bolso? Eu também não sabia. Você não imagina o quanto penei para convencê-los a votar no operário... Meu companheiro, que foi um desses meus alunos, até hoje me "sacaneia" com isto (pessoa brilhante, egressa das ditas camadas populares e que muito me ensinou a ver o que a Academia da classe média não via). Mas, querido, você é exatamente o que eu fui com a sua idade. Nõ me chame de direitona em respeito à nossa história, por favor. Apenas estou provocando uma inteligência que não gostaria de ver cooptada como, ao que tudo indica, é tendência nesses tempos. Se puder, amanhã continuo. Carinho eterno.

Alexandre Marques disse...

Não Ana. Minha resposta na verdade foi aos argumentos expostos no artigo do tal do CavaleiroConde o qual você me sugeriu como leitura. Desculpe se em meu texto possa ter ficado a impressão de que as minhas críticas eram de alguma forma também direcionadas à você. Mas é que argumentos como o dele sempre me tiram um pouco da tranquilidade. Eu invejo a tranquilidade do Chomsky quando ele é entrevistados por aqueles maníacos da FOX. Acho que as pessoas mudam com o tempo mas para que você subscrevesse àquelas idéias, só nascendo de novo! Talvez nem isso... Foi só depois da sua mensagem esclarecendo o caráter provocativo delas é que me refiz do susto! : )
Você recebeu a mensagem que te enviei por e mail?
Concordo com você sobre o conservadorismo das classes populares. E acredito que esse comportamento seja alimentado por uma série de fatores. Dentre eles acho que a maneira intensa como a mídia conservadora os atinge contribui bastante. Mas acho que esse pragmatismo que você menciona é benéfico e talvez a melhor maneira de repolitizar uma parte da população que é constantemente despolitizada pelos grandes meios de comunicação. Pois ao mesmo tempo que apoiam candidatos que não tem o menor interesse em melhorar as condições de vida dessa população, promovem discursos desacreditando a política. São dois discursos que se complementam. Quanto mais se vota nos candidatos da grande imprensa, mais as pessoas se desiludem com a politica e menos as pessoas votam. Dessa forma fica cada vez mais fácil para a minoria ganhar. A imagem deles fica a cargo da imprensa que é quem nos informa sobre o que acontece e como acontece. E assim o barquinho vai... O discurso de "político é tudo igual" é só para os pobres. Os ricos seguem votando em seus candidatos e tentando convencer os pobres a fazer o mesmo. Eu vejo esse pragmatismo – votar no Lula quando perceberam que suas vidas tinham melhorado um pouco – com um pouco de esperança. E talvez seja um dos legados políticos de Lula, pois enfraqueceu os efeitos da propaganda midiática da qual fomos servos por tanto tempo. Isso aliado à democratização dos meios de comunicação parece, ao meu ver, compor um cenário que irá redefinir a forma de se fazer política.

Postar um comentário